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Crônicas Apissianas 2021 - O Tejo e o Jacuípe

Publicado em 21/02/2021 ás 06:31:16

O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia,

Mas o Tejo não é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia

Porque o Tejo não é o rio que corre pela minha aldeia,


Alberto Caeiro (Heterônimo de Fernando Pessoa)


 

Amigos! Eis que se iniciará novo campeonato baiano. Deveríamos estar agora nos preparando para invadir o palco sagrado do Jóia. Deveríamos estar planejando os detalhes da aglomeração no bar de Manga, os cantores improvisados e as irreverências da TV Kbça. Deveríamos. Mas a pandemia que assombra o mundo e desafia o senso comum nos castra e nos tolhe. Pior, aqui no Brasil de incontáveis negações, ela colhe pasto fértil e espalha seu lastro sombrio. Ao lado disso, a anomia das autoridades termina por fechar esse quadro tétrico e desesperançoso para o povo, crise, gasolina vai subir de preço e eu não quero nunca mais essa falta de apreço com a vida.

Pois senhores, a responsabilidade do Fluminense neste domingo nunca foi tão grande. De fato, num momento em que a economia vai mal, a pandemia potencializa todas as crises, a esperança parece que vai embora. Daí que, mais do que em outros anos, precisamos do alento e do sonhar. Precisamos de um colo de mãe, de um ópio para um torpor, de uma válvula de escape. 

Precisamos ser salvos. Save Our Souls, diziam os náufragos na famosa mensagem de SOS.

Só o Flu pode fazer isso.

O Touro, travestido de super herói.

Incantado.

Aruá.

Sim, é esse Touro que queremos em campo em uma tarde de domingo. Um Touro que se sabe diferente, porque é um Touro que é, ao mesmo tempo, uma grande manada. Sim, senhores, esse Touro não é um único ser vivente. Ele é a soma de todos os Touros que passaram na arena do Jóia. Ele é um coletivo.

Nunca um coletivo foi tão necessário como nos tempos líquidos atuais. O personalismo, a vaidade, o centralismo, o mito, não nos levam a lugar nenhum. Um líder só o é enquanto significação de um coletivo. Significação racional, identitária em valores, e assim, irmanada.

Precisamos de coletivos e esse Flu que ora se apresentará, poderá até não rasquear tudo o que sonhamos, mas ele é fruto desse irmanamento. 

Sonho que sonha só, é só um sonho que se sonha só.

Mas sonho que se sonha junto, é realidade.

Dizia Raulzito.

Esse Fluminense, senhores, é novo. É um Touro de muitas faces, de inovação, de mudança. E se vem em manada, estourando a boiada por sobre toda a velharia no pasto. É o Touro de Tiago Santa Bárbara, novo treinador novo, é o touro de gente que quer se reinventar e de gente que não se inventou ainda. É o touro das mídias sociais e da TV Touro/TV Flu, instrumentos da inovação e de futuro grandioso.

Assim, quando a emoção entrar em campo no palco vazio, a rede vai balançar com muitos gols já marcados. Pois o Flu já sai do túnel, nesse domingo, pisando no gramado, ganhando de 3 a 0.

Porque, apesar de vocês, amanhã há de ser outro dia.

E não adianta colocar no mesmo momento um campeonato que se finda prá competir com o Touro da minha aldeia. Pois, como o rio de Caeiro, o Touro pertence a menos gente do que os grandes do maracanã. Mas é mais livre e maior o Touro da minha aldeia.


"E por isso, porque pertence a menos gente,

É mais livre e maior o rio da minha aldeia.

O rio da minha aldeia não faz pensar em nada

Quem está ao pé dele está só ao pé dele."


ÊÊÊÊ  Touro Incantado e Aruá... Ê Touro, quem haverá de pegar?


Cristóvão Cordeiro – é professor, engenheiro, torcedor taurino e acha que o Tejo é menor que o Jacuípe.

Fluminense de Feira x Atlético de Alagoinhas – Jóia da Princesa - 21/02/2021


PS: O mantra ÊÊÊÊÊ Touro Incantado e Aruá, ê Touro, quem haverá de pegar? É um plágio “homenagioso” da música Boi Encantado, do mestre Elomar Figueira de Melo, conquistense, mas, antes disso, menestrel do sertão. A música fala sobre a lenda do Boi Aruá, um boi encantado que não havia vaqueiro que conseguisse pegá-lo. Eu li o livro no primário, a Lenda do Boi Aruá, um conto de Luís Jardim. Mais tarde, Chico Liberato fez o primeiro longa metragem de animação do Nordeste, contando a história (Boi Aruá, 1980), com a música de Elomar na trilha sonora.

 

PS2: Ápis é o touro sagrado do Egito, representa Osíris reencarnado. Daí o adjetivo apissianas...

 

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